O pop não poupa ninguém, e até aqui, claro, tem umas baladinhas. Fui em uma sábado passado, com o brasileiro aqui do apartamento, num galpão cheio de ateliês e estúdios descolados, e logo fomos calorosamente recebidos por um chinês gordaço, bêbado, que nos fez sentar e colocou na mesa duas jarras de cerveja. “The best in Guangzhou!”. Nada mal, fabricação própria, preço razoável. Não deu nem tempo de olhar ao redor, e logo a mulecada queria conhecer os dois gringos. É brinde pra cá, brinde pra lá, mais jarras de cerveja pagas pelos novos amigos. Até show de mágica teve pra gente! Um maluquinho de bandana, figura, aproveitou o clima internacional, e decidiu brilhar. Mas, sacomé, depois de 1 hora desse papo furado, a gente acaba enjoando, e eu fiquei só de olho na ÚNICA MULHER DA BALADA, sentadinha num canto, tomando um drink gigante, olhinhos colados no Iphone. Esperando o namorado, pensei.
Aí finalmente o putzputz trash e ensurdecedor deu lugar para o karaokê. Pô, sabiam que nem é tão tosco quanto parece? Mulecada se divertindo, mandando uns rap chinês. E logo vem mais cerveja, cigarros de vários tipos – aqui tem infinitas marcas – e até uma porçãozinha de beterraba, nham! Imaginem minha cabeça: bêbado, alternando entre chinês, inglês, e português. Precisava de um ar, e fui no banheiro do lado de fora. Noite fria pra caramba, privadinhas só o buraco no chão, e na volta eu cruzo com a mocinha. “Thank you!”, ela diz e sorri. Mas que diabos?! Tudo bem, não deve falar inglês, sei lá. Entrei de volta, papo furado rolando solto, todo mundo querendo agradar. Logo volta a moça, e vem com ela uma amiga – dobrou o numero de mulheres! Não era o namorado que ela estava esperando… E então, naturalmente, as duas vieram sentar com a gente, sem precisarmos fazer o mínimo esforço. Hospitalidade chinesa. E junto com elas veio um joguinho de roleta, simples, onde cada um girava uma vez, e podia cair: virar um copo, virar meio, todos bebem, etc, e, pasmem, que esses china não são bobo nem nada: apertar os peitchinhos, ou afofar a bundinha. Não que elas tenham, enfim, vale a bagunça.
E gira roleta! “So crazy!” e “So dangerous!” eram as duas únicas frases que a chinesinha falava em inglês, sempre acompanhadas de uma risadinha atrás da mão. Aí já que o forte não era a comunicação oral, bora tentar no tato né minha gente, que brasileiro é bom nesse território. Mas olha, se esse for o padrão de comportamento aqui, Manizinha – TE AMO!, pode é ficar descansada, porque eu tô é lascado. Só selinho, só risadinha. Parecia que o grande barato era eu estar acompanhado de uma garota bonita. Todo mundo que passava me cumprimentava: “Lucky!”, “She love you!”, “Enjoy chinese girl!”. Não me senti tão empolgado só com isso não, mas tava divertido. Até que… lembram do gordão do começo? Bom, pelo jeito ele tava de olho na garota, porque o cara não parava de empatar as nossas – tentativas de – conversas. Toda hora vinha infernizar. Aí ele inventou de tentar agarrar a mocinha, e eu, brabo que sou, achei demais, empurrei o maluco, que puxou a gatinha, que puxou uma jarra de breja em cima dela mesma… aí ela aprendeu uma frase nova: “So bad, so bad!” Tadinha, levei ela pra fora pra se limpar, pedi desculpas. Tava na hora de ir embora. Meu amigo já foi pagando a conta e chamando um taxi, e adeus primeira balada na china.
E me deu uma saudade das bagunças daí…!